MUSEU VIRTUAL A.M.P.F. - MAIRINQUE

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A vida da Sorocabana

A vida da Sorocabana

Por Carlinhos Perez

Como mencionamos em edições passadas, estamos reeditando as matérias sobre as origens de Mairinque, que foram escritas pelo jornalista Luiz Laerte Fontes, associado da AMPF. Hoje falaremos um pouco sobre as diversas gestões da

EFS – Estrada de Ferro Sorocabana, desde sua fundação em 1875.

Neste prólogo da matéria, queremos apenas fazer um destaque para o papel que Matheus Maylaski, teve nesta história.

Maylaski foi um austro-húngaro que veio para o Brasil em 1865, desembarcando no porto de Santos subiu a serra, até a capital paulista e lá, soube que havia uma cidade em forte desenvolvimento no interior do estado, portanto com enormes oportunidades de trabalho e crescimento para pessoas determinadas. Esta cidade era Sorocaba.

Nesta época, Sorocaba tinha sua economia calcada na produção e comércio do algodão e também era muito conhecida pelas suas Férias de Muares (cruzamento de Jumento com Égua). O centro comercial da cidade era dominado por lojas de selarias, couro, oficinas de carroças, troles e ferrarias.

Maylaski ficou perambulando vários dias procurando trabalho pelas ruas do centro de Sorocaba. Porém, naquela época, Sorocaba era uma cidade provinciana e conservadora e que não recebia bem à forasteiros e imigrantes que não fossem devidamente apresentados por famílias da sociedade. Após muito circular pelas ruas do centro, Maylaski foi bater a porta do Mosteiro São Bento onde foi bem recebido pelos freis beneditinos que lhe deram comida e abrigo e, que com o tempo, perceberam que o inusitado hóspede possuía uma boa cultura, além de conhecer vários idiomas, entre eles o latim.

Foi através do Frei Baraúna que Maylaski conheceu Roberto Dias Batista, um importante comerciante de algodão, o qual estava com um descaroçador de algodão quebrado a vários dias e de difícil reparo. Então, Maylaski se ofereceu para fazer os reparos e ficou vários dias trabalhando nesta máquina, até que um dia, todos que passavam pelas  ruas do centro, ouviram um forte barulho de engrenagens vindo do galpão do comerciante Roberto Dias. Era o descaroçador de algodão, funcionando “a todo vapor”.

Agradecido, Roberto Dias contrata Maylaski para ser gerente de máquinas de sua empresa, abrindo-se assim, as portas da cidade de Sorocaba àquele estrangeiro “misterioso” e de poucas palavras.

Em pouco tempo, Matheus Maylaski se vê inserido na sociedade sorocabana, começa a escrever matérias sobre a cultura do algodão, no jornal local “O Araçoiaba”, funda um Clube de Leitura e acaba se casando com uma sorocabana de família influente na cidade, consolidando assim seu prestígio na região.

Em 1870, empresários de Sorocaba formam uma comissão para discutir a construção de uma ferrovia que ligaria Sorocaba à Itu e essa cidade à Jundiaí. Entretanto, os ituanos recusaram tal acordo. Maylaski, que presidia essa comissão, diante da negativa dos ituanos, pede a palavra e diz:

“Diante desta recusa e pelo modo grosseiro e pouco caso que nos trataram, convido os componentes da Comissão de Sorocaba a nos retirarmos desta reunião, mas deixo um aviso: construiremos nós mesmos a nossa ferrovia”.

E assim nasceu a Estrada de Ferro Sorocabana.

A vida da Sorocabana

Por Luiz Laerte Fontes, jornalista-voluntário

A linha da Sorocabana foi inaugurada com muita festa em 1875. Mas, principalmente, os altos gastos durante a construção levam a forte endividamento da empresa. A administração do primeiro presidente, Luiz Matheus Maylasky, é contestada e em 1879 os acionistas formam uma comissão para investigar seus atos. Ele acaba afastado da presidência em maio de 1880 e três meses depois assume em seu lugar o conselheiro Francisco de Paula Mayrink.

No período de Mayrink na presidência, a Sorocabana passa dos primeiros 162 km de trilhos para 636 km em 11 anos, encampa a Companhia Ituana de Estradas de Ferro (o que permitiu a construção do trecho de Itu a Mairinque), compra a Fazenda Canguera, com 264 alqueires, espaço que hoje faz parte de Mairinque, e obtém a concessão para a construção de um ramal para o litoral – futura Mairinque-Santos. É também em sua gestão que acontece a inauguração da Vila Mayrink, origem da nossa cidade. A contrapartida de todas essas iniciativas foi o aumento das dívidas da Sorocabana e, novamente, a empresa entra em crise. Francisco de Paula Mayrink afasta-se da presidência em 1893.

CONTROLE COM O GOVERNO

Em 1901 é eleito presidente Francisco Casemiro de Almeida da Costa. Ele ordena a transferência das oficinas de Sorocaba para a estação de Mairinque, o que trouxe melhorias em nossa região. No entanto, a Sorocabana estava em estado de insolvência e o poder público assumiu o controle da ferrovia de 1902 a 1907.

Entre janeiro de 1903 e junho de 1907, o presidente da companhia foi o engenheiro Alfredo Eugênio de Almeida Maia. Ele desempenhou um papel importante para o desenvolvimento da Vila Mayrink: definiu melhor a ação das oficinas, para resolver problemas ligados à manutenção das locomotivas, viabilizou o surgimento da nova estação, inaugurada em 1906 com um arrojado projeto do arquiteto Victor Dubugras, incentivou os serviços de saneamento da vila.

Em 1907 a Sorocabana é arrendada a um consórcio franco-americano, mas em 1919 retorna à administração direta do Estado, com o nome de Estrada de Ferro Sorocabana. Por volta de 1930, as principais máquinas e, a maior parte dos funcionários das oficinas da companhia, é transferida de Mairinque para Sorocaba, o que provoca a decadência da vila, a queda de habitantes e a diminuição das atividades socioeconômicas e culturais.

Em 1937 acontece a inauguração da linha Mairinque-Santos e em 1971 a Estrada de Ferro Sorocabana deixa de existir com a criação da Fepasa (Ferrovia Paulista Sociedade Anônima), formada pela Sorocabana e outras quatro estradas de ferro: Paulista, Mogiana, São Paulo-Minas e Araraquara. Com isso, as linhas férreas recebem investimentos e a unidade de Mairinque volta a ser utilizada mais intensamente.

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